Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
Hoje, a falta de anestésicos e a possibilidade de suspensão de atendimentos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para Covid-19 é a principal preocupação da Santa Casa de São Carlos (SP). Segundo o hospital, o estoque deve durar apenas até o final de semana e não há garantia de reabastecimento.
De acordo com o diretor técnico da Santa Casa, Vitor Marin, a expansão dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para Covid-19, o consumo de anestésicos aumentou significativamente, principalmente nas últimas oito semanas, quando os hospitais começaram a registrar altas taxas de ocupação.
“Para se ter uma ideia, o Fentanil, que é um anestésico que a gente usa habitualmente nessas áreas, de fevereiro a dezembro do ano passado, nós consumíamos 1300 ampolas por mês. Hoje, nós consumimos essa mesma quantidade em apenas quatro dias. Ou seja, apesar da gente buscar isso no mercado, ampliar a compra, buscar fazer algum estoque, infelizmente não conseguimos localizar vários medicamentos para compra, independente de ter ou não o recurso”, explicou.
Além do consumo, um aumento preocupante também diz respeito ao valor desses medicamentos, que hoje são usados diariamente em grande quantidade por conta da pandemia. Segundo Marin, essa é uma realidade vivida a nível nacional.
“Outro exemplo: o Propofol, uma ampola que custava R$ 13 e hoje custa em torno de R$ 190. Não só o acesso, mas o custo também aumentou de forma significativa. Como a gente não consegue localizar no mercado, e se consegue está em um preço extremamente abusivo, a consequência será o fechamento de alguns serviços, e é o que estamos agora debruçados para entender o que a gente consegue atender”, salientou.
O diretor do hospital explicou que os anestésicos que estão em falta não atendem apenas pacientes da ala Covid, mas também são utilizados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto e infantil, urgências e emergências, cirurgias eletivas e outras áreas.
“Hoje temos um estoque para dois dias de um medicamento especial, alguns outros de três a sete dias. Não vai ser um impacto apenas na redução de leitos de UTI Covid no pior momento que o país vive, mas certamente terá repercussão nas demais unidades críticas”, disse.
Prejuízo local
A Santa Casa atende toda a região coração que contempla o Departamento Regional de Saúde 3 (DRS-3) e que soma mais de 500 mil habitantes. De acordo com Marin, o hospital é referência para diversas cidades da região, o que aumenta o impacto dessa situação alarmante para outras cidades ao redor de São Carlos.
“Se hoje já temos pacientes aguardando leitos de UTI nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), em casa e outros hospitais de menor complexidade, certamente ao fechar leitos haverá um efeito em cascata. Infelizmente, o cenário não é favorável”, contou.
Sem previsão
Segundo o diretor técnico, neste momento não há garantia de que a cidade receba novas doses dos anestésicos para os próximos dias. “Apesar de buscarmos as informações de fornecedores, apoios políticos, junto ao município, Ministério Publico e todas as autoridades envolvidas, infelizmente a gente não tem a garantia de reabastecimento hoje. [O jeito] é acompanhar diariamente várias vezes ao dia para ver se a gente consegue enxergar a possibilidade de reabastecimento, mas infelizmente nós não temos essa resposta neste momento”, explicou.
O infectologista também ressalta que uma série de fatores causou esses problemas vivenciados. Neste momento, o hospital possui uma dívida de R$ 5 milhões com fornecedores, mas com a verba específica para o enfrentamento da pandemia, esse não é um problema imediato.
“O problema é que não há medicamentos disponíveis no mercado nacional, seja porque os hospitais já fizeram grandes estoques para passar por esse período crítico, seja porque os fabricantes não conseguem produzir a quantidade da demanda necessária. Há um desequilíbrio entre a oferta e a demanda infinitamente maior. Por último, o governo federal confiscou estoques para tentar buscar uma centralização dessa distribuição. Prevíamos uma entrega nesta semana, mas essa entrega não aconteceu e nós não fomos informados oficialmente pelo governo federal. É uma somatória de fatores que nos colocaram nesta situação, que vemos já anunciando há pelo menos uma semana”, finalizou.
Outros lados
Questionada, a Secretaria Municipal de Saúde informou que já procurou o Ministério Público Federal para pedir a intervenção no confisco realizado pelo governo federal, que hoje centraliza a distribuição dos medicamentos de todos os fabricantes do país.
A pasta afirma que também solicitou manifestação urgente por parte do Ministério da Saúde relativa ao quantitativo que será repassado para São Carlos e quando esses medicamentos chegarão ao hospital. O município também salientou que já abriu processo para aquisição dos mesmos medicamentos, mas também não consegue fornecedor.
Já o Ministério da Saúde informou que começou a entregar mais de 2,8 milhões de unidades de medicamentos de intubação orotraqueal (IOT) e que a empresa Eurofarma entregará, a partir de hoje (25), 212 mil ampolas em todo o território nacional. A empresa União Química também enviará, até o dia 30 de março, 1,4 milhão de unidades de medicamentos.
De acordo com a pasta, a logística híbrida com a integração pública e privada vai permitir que os medicamentos sejam entregues aos estabelecimentos de saúde em 72 horas.
FONTE: A CIDADE ON